Não é de hoje que sabemos o quanto uma música nos influencia e pode nos conduzir a diversas sensações e sentimentos. Quem nunca ouviu uma música triste e se sentiu mais melancólico, ou então ouviu uma música, a qual relacionou a um momento bom da sua vida e, anos mais tarde, floresceu um sorriso no rosto, com a lembrança musical doce?
Uma música pode guiar o ouvinte ao que o compositor pretende e ter uma influência enorme sobre seus sentimentos. Essas ondas sonoras, seja em uma composição de ruídos, um silêncio eloquente (silêncio que diz muito!), melodias ou sons ambientes, são usadas nos filmes e na publicidade para nos conduzir ao que se pretende transmitir. Algumas redes de supermercado, por exemplo, colocam em seu sistema de som músicas francesas, de forma a induzir os consumidores a adquirirem vinhos, queijos e outros itens geralmente associados à cultura francesa. Esta é uma prática publicitária subliminar bastante recorrente. Ainda que a publicidade subliminar seja, como regra, proibida.
O cinema, por seu turno, explora esta faculdade das músicas muito bem. Os ambientes emocionais dos filmes são, geralmente, construídos com trilhas sonoras.
Os filmes de terror, nas cenas que fazem você “baixar a guarda”, apresentam músicas mais animadas ou calmas, as quais conferem uma ambientação feliz, mas quando o macabro começa a aparecer, o uso repentino do silêncio e de sons altos, conferem um elemento surpresa, o qual nos faz sair do ponto de conforto. Assim, quando chega a parte do desespero e dos sustos, o uso do que os cientistas chamam de “ruídos discordantes” surgem! Estes ruídos são certos sons que os seres humanos irão sempre associar ao perigo iminente ou medo, como o grito de outras pessoas ou espécies de animais. Outro artificio usado com frequência no cinema é combinar o ápice de uma música com um impacto que está acontecendo no filme, como um tapa ou o bater de um carro.
Como afirma Daniel Levitin em seu livro – A Música no Seu Cérebro – o qual aprofunda esta temática: “A música aparentemente imita certas características da linguagem e transmite algumas das mesmas emoções que a comunicação oral, mas de uma forma não referencial e não especifica. Também mobiliza algumas das mesmas regiões neurais da linguagem, mas muito mais que essa, a música recorre a estruturas cerebrais primitivas envolvidas com a motivação, gratificação e emoção. “
Um filme ganhador de diversos prêmios e dito popularmente como o filme da melhor trilha sonora de todos os tempos, Le fabuleux destin d’Amélie Poulain, realmente nos faz entrar na história com sua fotografia amarelada e verde e principalmente com sua música.
O trailer do filme brasileiro Mais Forte Que o Mundo usa a música da Lorde, Everybody wants to rule the world, que tem muitos sons de impacto para mostrar a história do lutador de UFC, José Aldo. Isto corrobora a afirmação de que a música atua como verdadeiro elemento cênico, trabalhando para despertar determinadas sensações e sentimentos.
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