O Rock in Rio deixou de ser rock?
Um dos grandes questionamentos do público roqueiro para o Rock in Rio é o porque do festival não ser “tão rock”, quanto o nome sugere. Imprimir ao nome do festival o termo “rock” traz uma conseqüência: a suposta necessidade de incluir ao festival este segmento musical.
Entretanto, o próprio termo “rock” é controvertido. É muito comum haver debate sobre o que é rock, discussão sobre se é pop ou se é rock. E pior: há muita polêmica sobre a categorização existente sobre o próprio rock: heavy metal, hardcore, trash metal, indie rock, pop rock…
A história de um dos maiores festivais de música do mundo (eles não se declaram o maior festival de rock ) começou em 1985, criado e desenvolvido pelo empresário e publicitário Roberto Medina. Apesar do nome fazer menção ao Rock, o Festival desde o seu nascimento, buscou o ecletismo: seja qual for o seu estilo musical preferido, uma de suas bandas preferidas estará no Rock in Rio…
Medina começou a criar a concepção do Rock in Rio anos antes, ao ver que nos anos 80, poucos artistas internacionais ousavam fazer um show no Brasil. Seja por conta da economia, dos militares (por ser na época da ditadura militar) e também pelos seus produtores ainda terem receio em apostar na produção de grandes shows no Brasil.
Mas depois de um tempo, a primeira banda internacional veio e o que se viu foi uma sucessão de atrações internacionais. Atualmente, mês a mês, o que se vê são os principais artistas do mainstream internacional fazendo aparições marcantes. O Brasil passou a ser um destino comum das principais atrações musicais. De certa forma, o Rock in Rio ajudou a cravar o Brasil no cenário de eventos musicais marcantes.
Mas, para além do evento em si, a história construída pelas bandas também ajudou a criar uma atmosfera especial e marcante para este evento. Histórias que se transformaram em lendas: as incontáveis e instigantes lendas do Rock in Rio…
A banda de rock Queen, com o seu lendário vocalista Freddie Mercury, fez uma apresentação memorável. A banda atraiu um número enorme de pessoas, que fizeram um espetáculo colossal, cantando os maiores sucessos da banda. Os integrantes da banda, claramente, ficaram cativados e surpreendidos pela recepção calorosa do enorme público brasileiro.
Os integrantes da banda concordam em qualificar a execução da música Love of my life como a melhor já feita pela banda. De fato, a versão se tornou um hino emotivo, conforme é possível de se confirmar neste vídeo:
Foi então que o grande festival começou a tomar sua forma, seu criador, Roberto Medina começou a entrar em contato com grandes estrelas da música, mas ainda sentiam um receio de virem ao Brasil, e depois de muita luta conseguiram a presença de um nome de peso, Rod Stewart, e aos poucos com muita insistência foram atraindo outros como Yes, Ozzy Osbourne e Iron Maiden. Mas sua primeira edição também contou com a presença de artistas como Erasmo Carlos, Lulu Santos e também Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, que tinham um grande público nessa época.
No fim o grande conceito do Rock in Rio foi a liberdade, emergindo de uma época de repressão e censura.
Mesmo o festival não tendo mais bandas que atraíssem os metaleiros, ele mantém o rock e se expande para os estilos musicais que tem mais publico atualmente, como a MPB que tocava nos primórdios do evento.
Esse ano o rock do Rock in Rio estará nas mãos do Guns and Roses, Incubus, The Offspring, Bon Jovi, Def Leppard e Aerosmith.
Podemos concluir que o Rock in Rio é hoje o que sempre foi: um festival eclético, que tem a pretensão de concentrar a apresentação das melhores bandas pop, de um determinado momento. Não é a celebração de um segmento musical, mas sim a celebração de um estilo de vida que este segmento musical imortalizou. Costuma-se dizer que rock não é um estilo musical, mas sim uma manifestação da contra-cultura. O Rock in Rio está longe de ser um evento de contra-cultura. É um evento que busca apresentar as maiores bandas do cenário musical de um determinado momento. É a apoteose do mainstream.
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